domingo, 27 de junho de 2010

A PARTILHA


Com esta postagem, estou participando da blogagem coletiva do Blog da Orvalho do Céu, cujo tema é PartilhaxEspiritualidade.
Anotem o link : www.espiritual-idade.blogspot.com

A PARTILHA

Meus fiéis e assíduos leitores, falo-vos de partilha, como uma equânime divisão de direitos, valores ou poderes. O real e perfeito conceito do termo não configura somente a divisão justa e solidária, porém prefiro conceituá-la assim, por inseri-la numa abordagem espiritual. Uma partilha injusta e desonesta não me serviria para dar consistência a argumentos de cunho espiritual.

A partilha a que me refiro é aquela que um sábio mestre usava, em plena Idade Média, para saciar a condenável gula dos seus frades glutões, num convento na Saxônia. Se houvesse uma única fatia de uma cobiçada guloseima disputada por dois deles, o mestre entregava a um a tarefa de fazer a divisão e ao outro o direito de escolher o primeiro pedaço.

Em nossas vidas, partilham-se heranças, poderes, direitos e deveres. Se formos irmãos fraternos, amigos leais e casais afins, as partilhas deverão seguir rituais semelhantes, não por desconfianças, mas por atos espontâneos de quem preserva o direito de justiça.

Quantos irmãos rompem seus laços afetivos, com pendências judiciais, por conta da partilha de uma herança! Quantos casais se ofendem e se magoam, no ato de um divórcio, por conta da partilha do direito sobre os bens patrimoniais e a guarda dos filhos!

A partilha do uso do poder, porém, talvez transcenda com mais facilidade todo o bom senso que se possa esperar de seres espiritualizados, quando está em discussão ascendências de uns sobre os outros.

Lembro-vos, agora, aquela passagem em que os apóstolos discutiam entre si. Jesus, o Cristo, deles se aproximou e perguntou-lhes a razão da discussão. Eles divergiam sobre qual deles seria o maior dentre todos. O Mestre deu-lhes a solução, ensinando-lhes que sempre o maior é aquele que serve os demais.

A partilha do poder se consagra quando se dá ao que serve a condição de ser o maior e mais poderoso do grupo. A partilha do amor não é feita de outra forma, e segue o mesmo princípio, mais ama quem mais está pronto a se sacrificar pelo outro. A partilha de uma herança, quando os herdeiros estão em litígio, proporcionará a maior riqueza àquele que se dispuser a abrir mão de uma parcela dos seus direitos, a favor da harmonia entre as partes em conflito.

Harmonizar uma partilha é saber compartilhar, ocupando-se dos interesses de cada um, e não somente dos seus próprios interesses. A partilha da vida é a própria vida, pois na morte cessa o ato de partilhar.

Aquele que não partilhar a sua vida com os demais, dividindo seus espaços, redistribuindo poderes e repensando sentimentos não é uma criatura espiritualizada. Pode ser religiosa, e até muito devota, mas se lhe falta o amor partilhado, ela carece de espiritualidade.

A partilha é fácil de ser cobrada, mas difícil de ser praticada. Se alguém detém o poder, não quer compartilhá-lo com ninguém. As riquezas são nossas e só nossas. O meu amor é o maior do mundo, os outros é que não sabem amar.

Esses sentimentos egoístas e pretensiosos impedem as partilhas justas, das quais vos falei meus ilustres leitores, logo no início, em minhas primeiras palavras. Quem está disposto a abrir mão do poder, da riqueza e do seu direito de posse sobre a pessoa amada? Quem divide aquilo que já é seu de direito? Quem está pronto a partilhar algo que poderia ser somente seu para sempre?

Ah, meus ingênuos leitores, quantos de vós haveis de já ter-vos julgados bondosos e amorosos, sem receber o correspondente reconhecimento! Quantos de vós acreditais que sedes fiéis seguidores das doutrinas dos cristos que por aqui passaram!

Tolos, somos todos nós que pensamos como deuses e agimos como humanos. Pobres de espírito somos todos nós quando brigamos por direitos que só nos afastam da legítima e amorosa partilha.

Deixo-vos, a todos vós, refletindo a vossa predisposição de partilhar. Deixo-vos, analisando o que, até hoje, cobrastes e o que destes graciosamente, ainda que não tivésseis nenhuma obrigação de fazê-lo. Deixo-vos com vossa consciência que é a única a poder ajuizar essa nossa causa, sem que venhais a precisar defender seus atos ou pensamentos.

A partilha foi feita. A mim coube levar-vos a repensar a fé. A vós, a reflexão e a ação.


domingo, 20 de junho de 2010

DIÁLOGO SEM VÉU

Com esta postagem, estou participando da blogagem coletiva do Blog da Orvalho do Céu, cujo tema é DiálogoxEspiritualidade.
Anotem o link : www.espiritual-idade.blogspot.com

DIÁLOGO SEM VÉU Meus pacientes leitores, a vós eu dirijo a minha atenção, enquanto busco uma reflexão exata sobre a figura do diálogo. Muitos pregam a necessidade do diálogo na relação profissional entre o chefe e seus subordinados, antes que uma decisão mais séria venha a ser tomada. Quase todos afirmam, em alto e bom tom, que sem diálogo um casamento não tem futuro. O diálogo também é apontado como a atitude ideal na educação dos filhos e na instrução religiosa. A retórica é sempre a mesma, quando ocorre um rompimento – faltou o diálogo. Sem diálogo, afirmam todos, não se mantém um casamento. O mesmo se diz, quando um filho foge de casa ou se uma empresa perde um funcionário para um concorrente – não houve diálogo. Na Numerologia da Alma, o diálogo é um dom que se atribui aos que têm o nº 2 em posição influente no seu mapa numerológico. As pessoas muito boas de diálogo e as mais eficientes na celebração de acordos costumam trazer nos seus mapas uma personalidade sob a regência do nº 2 ou os talentos natos dos que nasceram num dia 2.

Peço-vos paciência, meus ansiosos leitores, que é uma virtude atribuída ao nº 2, para que possais acompanhar o meu raciocínio, relacionando o diálogo aos conflitos do mundo moderno. E, concluindo que essa ausência de diálogo está conduzindo-nos a um enorme desvio da nossa espiritualidade.
Sem o diálogo, não se chega a um consenso, que é o perfeito entendimento entre todas as partes que buscam um interesse comum. Quando todos pleiteiam um mesmo benefício, faz-se necessária a intervenção de um mediador, que por meio de diplomacia e tato concilie os interesses em jogo e celebre um acordo entre as partes em conflito. Surge, então, a presença de um nº 2, o fomentador do diálogo e o legítimo mensageiro da paz. A realidade, meus surpresos leitores, é que a violência e a arrogância não são, nem nunca foram, as posturas mais aconselhadas para que se chegue a um resultado estável e consistente, entre duas partes em litígio. Nessas ocasiões, ou se convoca um conciliador ou se acaba nas barras de um tribunal, com todas as más conseqüências de um confronto judicial.

O diálogo é o grande atributo do nº 2, e a busca do consenso a sua maior habilidade. Na literatura esotérica, aprende-se que tudo aquilo que é conseguido pela força terá de ser defendido pela força. A decisão compartilhada, porém, é sólida e estável, pela aceitação consensual das partes em conflito. O mundo vive em permanente guerra, uma guerra sem fim, não mundial, mas regional, porém tão cruel e dolorosa como se envolvesse todos os povos da Terra. Os motivos dessas guerras, vós teríeis o conhecimento deles para explicar-nos, meus amáveis leitores globalizados? Calma lá, nós não precisaremos entrar em detalhes sobre as causas econômicas em jogo, basta-nos uma simples resposta – falta de diálogo. Sem o diálogo, viveremos em guerra. O Brasil, recentemente, juntou-se à Turquia, para tentar celebrar um acordo internacional entre o Irã e a ONU. Tu achas que seja mera coincidência, meu discípulo numerólogo, que os dois países tenham como primeira letra dos seus nomes o B e o T, que são letras regidas pelo nº 2? A energia simbolizada pelo nº 2 é pacífica, harmônica e mediadora, rejeitando violência e autoritarismo, e selando acordos e tratados de paz, sem ameaças ou agressões. O nº 2 é o número da diplomacia e da justiça, devendo ser analisado como a presença pacificadora que contempla as partes em disputa com um resultado equilibrado e justo.

Pergunto-vos, atentos leitores, qual seja a estratégia desses amantes da paz, senão o uso perfeito do diálogo? E, se ainda tendes dúvida do que seja esse tal diálogo, resp
ondo-vos com poucas palavras – respeito à opinião alheia e deseja de justiça. E isto é espiritualidade. O diálogo não pode sobreviver quando são defendidos interesses egoístas, presentes muitas vezes no nº 4 e no nº 8 e, algumas vezes, por excessos de amor e zelo pela pessoa amada, também no nº 6. O diálogo exige bom senso e nobres ideais para compartilhar a verdade. O diálogo só sobrevive se for alimentado por posições honestas e conciliadoras e, quando isso acontece, as partes que estavam em oposição festejam o acordo e celebram o veredito final. A violência urbana exige o diálogo.

As crises familiares cobram o diálogo. As intransigentes decisões dos países ricos somente evitarão a guerra com o diálogo. E, toda vez que não ho
uver o diálogo, surgirá o karma 14, aquele efeito danoso e condenável dos rompimentos que deixam pelo caminho as marcas kármicas dos sofrimentos, das doenças e das mortes. Convido-vos, conscientes leitores, a repensardes vossas atitudes, perante os conflitos no trabalho, no lar e na família. Reconsiderai, todos vós, aquelas intransigentes atitudes que não levam a vitórias ou sucessos, mas a rompimentos e decepções amorosas. Daí preferência antes às decisões compartilhadas e consensuais, nas quais ninguém se sente derrotado, mas como parceiro de uma vitória coletiva, quando não houve uma parte vencedora, mas todos saíram ganhando. E tudo graças ao diálogo. Viver é preciso, mas vencer, nem sempre é preciso...ainda mais se a alma não é pequena.

domingo, 13 de junho de 2010

A GRANDEZA DO INTANGÍVEL

Com esta postagem, estou participando da blogagem coletiva do Blog da Orvalho do Céu, cujo tema é FéxEspiritualidade.
Anotem o link : www.espiritual-idade.blogspot.com



A GRANDEZA DO INTANGÍVEL
O desafio da semana é falar da fé. Mas como falar do intangível? O que será de fato a fé?
Existem certos temas, meus fervorosos seguidores, que é fácil mencioná-los, difícil, quase impossível, dimensioná-los.
Eu poderia afirmar pelo poder da palavra que sou um homem de fé. Mas como comprovar?
Eu posso confessar a minha fé em Deus, e o que isso iria querer dizer? Que para mim Deus existe, e mais nada? Ter fé é somente acreditar na existência do ser em quem depositamos fé, ou será algo mais?
Existem certos momentos na vida de um numerólogo que se torna impraticável ajudar a quem nos consulta, ainda mais se a consulta é dirigida a questões amorosas.
Hoje, a confissão é de um amor eterno. Amanhã, o amor se extinguiu. E como o eterno se esvai de um momento para outro, sem deixar rastros?
O casal discute sobre quem sente mais amor, quem ama com maior intensidade. Os cientistas medem seus conhecimentos, para provar quem sabe mais. Os devotos oram e pagam promessas, para comprovar a fé.
O casal de hoje já não é o mesmo de amanhã, porém eles continuam falando de amor. A prova científica de hoje sucumbe diante das novas teorias descobertas amanhã, mas eles continuam medindo seus conhecimentos. Os devotos de hoje já não entram no mesmo templo de ontem, mas afirmam com a mesma convicção a fé na sua Igreja.
A realidade só me parece clara, se eu consigo medir a grandeza das alegações. Os valores dos presentes do casal no Dia dos Namorados são bem mais caros neste ano do que no ano passado. A força magnética de uma fonte de energia é maior do que da outra. A esmola dada pelo devoto a esta Igreja é bem maior do que a que dava para a outra.
Essas afirmativas mensuráveis são fáceis de serem comprovadas, mas como falar de valores que são intangíveis que não podem ser tocados nem medidos?
Já sei que alguns dos meus leitores alegarão que estou complicando uma coisa simples de tratar, afinal para que medir o amor, a verdade ou a fé?
A minha resposta talvez os surpreenda, mas eu não estou preocupado em saber o tamanho do sentimento, estou apenas buscando uma forma de comprovar a consistência desses sentimentos.
Seria amor, o sentimento que movia o casal, que já trocou de par? Seria exata a fórmula científica aprovada num teste e reprovada no outro? Seria fé o sentimento do devoto que mudou de crença?
A minha mente se nega a raciocinar sobre questões que não possam ser mensuradas por estarem fora do domínio da razão. É claro que eu sei o que é o amor, a ciência e a fé, mas eu as conheço pela minha ótica pessoal.
O meu amor não é o mesmo amor que outra pessoa sente, nem a minha verdade científica coincide com as verdades que são anunciadas de tempos em tempos. Dentro do mesmo raciocínio, a minha fé não é a mesma fé dos templos e igrejas apinhados por esse mundo afora.
A fé é intangível, incomensurável e inatingível, por ser um estado de consciência individual. Eu não posso falar da fé de alguém além da minha, por se tratar de um sentimento alheio ao meu conhecimento. Assim, não se trata de medir o tamanho da fé, mas comprovar a existência da fé.
A fé nos ensinamentos do pastor ou do padre difere da fé nos ensinamentos do rabino ou do monge budista. Mas, todos alegam ter fé em Deus, e suas religiões pregam a fé na Divindade como a razão de ser de suas existências. Mas, e se eles mudarem suas crenças, a fé persistiria a mesma, ou haveria o surgimento de uma nova fé?
O amor que eu sinto por alguém não tem sinônimo em nenhum outro dicionário, ele é uma palavra similar a dos outros amores, mas a sua definição há de ser diferenciada, pois ninguém o sente da mesma forma que eu.
Percebo, agora, a luz nos olhos de muitos dos meus leitores, diante dessa alusão ao amor. Faço-a também em relação à fé, pois assim como muitos se negam a amar certas pessoas a quem amo, certamente se negarão a ter fé em verdades que professo nas minhas crenças. Então, eu chego à questão central das minhas indagações, se não posso definir a fé, nem calcular a sua grandeza, e muito menos comprovar a sua veracidade, de que outra fé tratar além da minha?
Perdoem-me, meus crentes e religiosos leitores, por talvez falar de uma fé estranha para muitos, mas é a única que efetivamente conheço. As outras nem me pertencem, nem as conheço.
Amo uma Divindade que vive dentro de mim, que me fortalece, elogia e critica. Creio no poder dessa presença divina que me ensina o bem e o mal, o certo e o errado, e que me perdoa ou me condena, sem que eu possa interferir no seu julgamento.
Quando pratico essa minha fé, não olho para os céus, mas para dentro de mim mesmo. Sou o único sacerdote que tem acesso ao templo onde pratico meus rituais de fé, mas não são minhas as palavras enunciadas por meus lábios.
A minha fé não é a única, mas uma minúscula fração de uma fé universal que desconheço a essência, por não ser capaz de identificar cada uma de suas partículas. As partículas seriam a fé de cada um, conforme o nível de consciência de quem crê. E todas as manifestações de fé são por mim respeitadas, não por fazerem parte das minhas crenças, mas pela certeza de que fazem parte de legítimos caminhos individuais que conduzem os peregrinos para a mesma meta que eu.
Se a fé está num livro, o livro, qualquer que ele seja, se torna sagrado. Se a fé está numa imagem, não há crente que me convença do contrário, a imagem é sagrada. Se a fé está numa palavra mágica ou num gesto de poder, a palavra e o gesto são sagrados.
Creio na Humanidade como o corpo físico da Divindade, com todas as fraquezas e imperfeições de nossos corpos físicos individuais. Creio numa Alma do Mundo, somatório de todas as nossas almas em processo de evolução planetária. Creio na reencarnação como a forma divina de fazer justiça a essas almas. Creio na Lei do Karma como a Lei de Deus, em que causas produzem efeitos e efeitos produzem causas, num processo interativo e permanente.
Creio em tudo isso, mas não sou católico, nem evangélico, nem budista e, ao contrário do que os mais ingênuos possam imaginar, também não sou espírita.
A minha fé rejeita rótulos e dispensa comandos, mas defende o direito da fé rotulada e do poder dos líderes templários. Ninguém tem o direito de impedir ou interferir na fé alheia. A fé é indefinível e por isso mesmo pessoal e intransferível.
A minha fé é só minha, a tua, caro leitor, só a ti pertence. Mais do que isso, eu não digo.



segunda-feira, 7 de junho de 2010

TEIA AMBIENTAL - ÁGUA

Teia Ambiental
Rede de Conspiradores Preservacionistas

PLANETA ÁGUA

Meus queridos e fiéis leitores, a Teia Ambiental está sendo tecida sem alarde, mas com a consciência plena do poder que representam os nossos fios entrelaçados, firmando-se num ideal comum – a preservação da natureza.

Alma Mater e Flora da Serra irão conectar-se a outros espaços que desejem participar dessa jornada, numa peregrinação pelo mundo afora, sem destino e sem pretensões maiores do que confessar nossas crenças e convicções da presença divina no Sagrado Coração da Terra.

Eu vou por aqui navegando nesse oceano de praias desertas, nas quais poucos se dispõem a aportar, por ignorância ou intolerância. A natureza não é um tema que dê altos índices de audiência, por estar em permanente confronto com as ambições humanas.

Escolhi para essa viagem quase solitária a companhia da poesia de Guilherme Arantes, que exaltou em som e verso as águas do planeta.

“Água que nasce na fonte serena do mundo e que abre um profundo grotão faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão”.

Essa água brota do seio da terra pura e cristalina, e se dá sem fechos ou preços, para a vida de todos nós. Mas, o homem, com a sua esperteza e mania de civilização, tratou de inventar as bicas e de criar taxas para o seu controle e exploração.

Lá pelos idos de 1855, um sábio cacique norte-americano chamado Seattle enviou uma carta ao presidente dos Estados Unidos, em resposta a uma oferta para a compra das terras dos índios, dizendo ser-lhe muito estranho comprar ou vender terras, já que não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água. O tempo poupou-lhe o dissabor de conviver com o engarrafamento e a comercialização dessa água sem dono.

“Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão. Águas que banham aldeias, que matam a sede da população”.

O lirismo da canção, meu ingênuo leitor, acaba escondendo a trágica realidade de que, poluída pelos esgotos e pelo lixo das cidades, a água que mata a sede também pode matar o sedento beberrão. O progresso, meus leitores, esse mesmo progresso que todos anseiam, tem outros ideais mais lucrativos do que zelar pela pureza do ar que se respira e da água que se bebe. Quem sabe se, num futuro próximo, a tecnologia de ponta não acaba inventando uma forma de se viver sem beber e sem respirar!

“Águas que caem das pedras no véu das cascatas, ronco de trovão, e que depois dormem tranqüilas no leito dos lagos”.

Tranqüilas, é verdade, mas infelizmente sujas e ameaçadoras. Os índios consideravam a água dos rios como o sangue dos ancestrais. Eles diziam que, os reflexos nas águas límpidas dos lagos contavam toda a história do seu povo.

Os simbolismos dos índios parecem continuar os mesmos, o que explicaria porque tantos caras-pálidas têm sangue ruim nas veias e uma história de vida tão feia para contar.

“Águas dos igarapés, onde Yara mãe d’água é misteriosa canção. Água que o sol evapora, pro céu vai embora, vira nuvens de algodão”

O poeta mergulha na fonte da inspiração e dela emerge envolto em beleza e emoção. Calma lá, meu entusiasmado leitor, não te deixes levar pelo encanto da música, mergulhando em qualquer riacho que encontrares pelo caminho! De lá, poderás emergir envolvido por muitos detritos que habitam as profundezas de suas águas sujas.

“Gotas de água da chuva, alegre arco-íris sobre a plantação. Gotas de água da chuva são tristes, são lágrimas na inundação. Águas que movem moinhos são as mesmas águas que encharcam o chão e sempre voltam humildes pro fundo da terra”

Com águas nos olhos e o olhar fixo no céu, eu procuro por um arco-íris e retorno à terra, não humilde como a água, mas humilhado pela minha condição de ser humano. Enquanto a água volta pro fundo da terra, eu me meto num buraco qualquer pra me esconder, não dos homens, porque a eles nada devo, mas dos filhos dos nossos filhos, das gerações que herdarão este nosso planeta Terra.

A Mata Atlântica vai desaparecendo envolta em chamas. Os mananciais da Bacia Amazônica estão cada vez mais ameaçados pela pecuária, pela agricultura e pelas gigantescas hidrelétricas. Mas, governantes e governados estão bem mais preocupados com o desemprego e o assentamento dos sem-terra. Mais emprego significa mais indústria e mais poluição. Assentamentos correspondem a mais áreas devastadas e árvores derrubadas.

Inconseqüente, o homem nada vê além do próprio umbigo. O índio dizia que tudo que fere a terra fere os filhos da terra. A terra está ferida e nós estamos ficando muito doentes.

A esperança está no despertar da consciência de criaturas como vós, leitores que me visitam e que lêem este meu apelo ao bom senso da humanidade. Ainda tem tempo de mudar o rumo da história. Não é mais possível “deixar as águas rolarem”. E, ao contrário do que muitos possam imaginar, nós habitamos no Planeta Água.

domingo, 6 de junho de 2010

O ACOLHIMENTO E A CARIDADE




Com esta postagem, estou participando da blogagem coletiva do Blog da Orvalho do Céu, cujo tema é AcolhidaxEspiritualidade.
Anotem o link : www.espiritual-idade.blogspot.com

O ACOLHIMENTO E A CARIDADE

Meus generosos e piedosos leitores, quem de vós é capaz de abrir as portas de casa para abrigar a quem pede proteção? Quem de vós, meus amigos, sai da sua casa em noite fria ou chuvosa, para socorrer uma alma em desespero? Quem de vós, meus bondosos irmãos, interrompe o que está fazendo, para ouvir os lamentos fastidiosos de quem precisa contar com o apoio de alguém para consolar o seu ego humilhado?

Meus fiéis leitores, eu vos recomendo que vos preserveis da vergonha de ter de responder a essas minhas indagações, pois poucos, muito poucos, são capazes de abandonar os seus interesses mais prementes e sair em busca de uma ação caridosa e fraterna.

Muitos dos que se dizem religiosos e seguidores de uma doutrina espiritual, quando são chamados a comprovar a sua fé, ocupam-se mais em demonstrar seus conhecimentos dogmáticos do que a praticar a verdadeira essência da espiritualidade – o amor.

Haveis de me confrontar e questionar que amais a Deus acima de todas as coisas. Mas, e o próximo como a vós mesmos? Não sou eu quem busca polemizar sobre o verdadeiro amor a Deus, senão Paulo, o apóstolo que não conheceu o Cristo em vida, mas que foi o maior divulgador da sua doutrina.

A quem se regozijasse pelo fato de ser um fiel seguidor do Cristo, Paulo cobrava-lhes o amor. A quem lhe respondesse amar o Cristo, Paulo cobrava a caridade.

“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como um bronze que soa, ou como um címbalo que tine. E ainda que eu tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e tivesse toda a fé, até ao ponto de transportar montes, se não tivesse caridade, não seria nada. E ainda que distribuísse todos os meus bens no sustento dos pobres e entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse caridade, nada disto me aproveitaria”.

A caridade de que Paulo falava é o amor do acolhimento, o sentimento muito bem representado pelos dons do número 9, de colocar os interesses alheios antes dos seus próprios interesses. Quem fica impassível, sem uma palavra de censura, quando se depara com um parente ou um amigo querido dando tudo que possui, seu tempo, seu dinheiro, sua vida, para ajudar alguém, esquecendo-se de si? Quem aprova e estimula esses atos de altruísmo e estoicismo que deixa de lado valores e benefícios pessoais, para uma vida dedicada a fazer caridade?

A palavra caridade, que é o ícone do número 9, chega a ser pronunciada com certo desdém pela maioria das pessoas que a interpretam como uma atitude tola e ingênua de quem está sendo enganado pelos outros. No entanto, a quase totalidade dessas pessoas se diz religiosa, cristã, muçulmana, ou até budista, o que entre nós é mais raro, porém não impossível. Elas desconhecem ou não fazem questão de reconhecer que os Mestres de suas religiões, Jesus, Maomé e Sidarta, pregavam o despojamento, o desapego de todos os bens materiais e a condenação de qualquer comportamento egoísta.

A acolhida é a ação prática da caridade. Aquele que acolhe é caridoso, e não precisa dar mais nenhuma outra demonstração da sua fé em Deus, pois a sua ação é o suficiente, e fala mais do que qualquer oração ou ato de adoração.

A acolhida é um ato espiritual, e dispensa qualquer confissão de fé, qualquer ato de sacrifício ou demonstração pública de amor a Deus.

No meu trabalho de numerólogo, eu me deparo com pessoas que se dizem amedrontadas com o número 9, porque ele é um número de azar. E ao serem questionadas, elas justificam suas apreensões, com a alegação de que o número 9 serve a todos, trabalha para os outros e se sacrifica pelas causas alheias, impedindo que elas ganhem dinheiro.

Essas pessoas são espiritualizadas, ou se consideram como tais, pois acreditam no poder revelador dos números, crêem em Deus e se acham amorosas. Mas, não são caridosas, não estão prontas para servir, e só pensam em ser servidas.

O acolhimento, ainda que elas julguem fazer parte da vida delas, está muito longe de ser uma prática inserida em suas vidas. Elas ainda estão presas a interesses pessoais, e vêem os outros como rivais, e até mesmo inimigos. Elas não são pacientes, mas invejosas, buscam os lucros pessoais, e não as vantagens coletivas, não perdoam, desconfiam de todos e nunca estão prontas para se sacrificar pelos outros.

Quem tem uma alma 9 é um espírito amoroso, generoso e caridoso, que muito mais do que fé e esperança, promove em todos os seus atos, a prática da caridade.

O caridoso acolhe não somente no seu lar, mas também no seu coração. Quem acolhe tem a vocação humanitária de trabalhar por conquistas e valores coletivos, esquecendo-se de si.

A caridade não toca o sino, anunciando o bem que fez, mas silencia e prossegue acolhendo os perseguidos, os discriminados e os ignorantes, aqueles de quem o Cristo falou que merecem o nosso perdão porque não sabem o que fazem.

As pessoas caridosas, que tanto se afligem com o padecimento alheio, seriam os que, muitos dos religiosos e espiritualistas, consideram pessoas infelizes, perdedoras, que têm azar e não conseguem acumular riquezas.

Essas almas nobres e caridosas, regidas por uma humanitária e caridosa energia do nº 9, são vistas como pessoas destituídas de valor, das quais pessoas que se dizem amorosas querem distância.

Por isso, meus ingênuos leitores, tenham muito cuidado quando cruzarem com pessoas muito boazinhas e devotas, que falam muito de si, e pouco, ou quase nada, dos outros. Não se esqueçam desse alerta de Paulo aos Coríntios, que ainda que alguém faça tudo que dê a impressão de ser uma pessoa bondosa e amorosa, se não for caridosa, ela não passará de um sino tocando a esmo, chamando, talvez, para rezar, mas com o pensamento mais voltado para si, do que para a humanidade.

A caridade é o auge da evolução humana, é o número 9 da numerologia pitagórica que começa no líder e poderoso nº 1, mas que termina no caridoso e humanitário nº 9. Assim como Pitágoras, Paulo disse que não existe nada mais acolhedor e digno de ser exaltado do que a caridade.

A ciência e a religião mais uma vez se encontram e se completam. Eu até poderia usar o termo espiritualidade, em lugar de religião, mas aqui prefiro empregar a palavra religião no seu verdadeiro sentido o de “religar” o homem a Deus.

Ainda que eu fale a língua dos anjos, sem o acolhimento e a caridade, eu serei apenas um portador de dons, mas não estarei ainda em comunhão com Deus.

Pensem bem, meus caridosos leitores, quando alguém bater à porta do seu coração, para não deixá-lo do lado de fora, com uma desculpa esfarrapada. O visitante pode ser Aquele Ser que é idolatrado no seu templo, mas que se torna um ilustre desconhecido para a sua alma insensível, que desconhece o que seja acolhimento, e está muito distante de um ato de caridade.