sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

DIÁLOGO SILENCIOSO NUM NATAL DISTANTE

Meu querido amigo, minha querida amiga, nada nos deixa mais sensíveis do que a aproximação do Natal. Uns, vivem o ano inteiro, à espera desse dia, outros, pelo contrário, alegam detestá-lo. Mas, todos, de alguma forma, estão ligados nele.

Há muito tempo atrás, surpreendi um diálogo silencioso, entre minha Alma e minha Personalidade. Silenciei minha mente, para ouvir o que diziam. A Personalidade fazia planos para a festa e contabilizava os presentes a ganhar. Minha Alma chamou-lhe a atenção, censurando os apegos materiais.

A Personalidade retrucou que adorava as festas natalinas e que gostava de ganhar presentes. Ela falou do prazer nas surpresas dos presentes e na fartura da mesa na hora da ceia. E, ela ouviu mais críticas e censuras, vindas da Alma.

Dei razão à Alma, afinal de contas, o Natal é uma celebração sagrada e não esse consumismo em que foi transformado nos tempos modernos. A Personalidade defendeu-se com argumentos místicos. Ela acusou a Alma de ser insensível com a sua condição de existência passageira. Dizia ela que, enquanto a Alma tem vida eterna, ela só vive uma única vida. Assim, é mais do que natural querer aproveitar o máximo que pode. E, neste caso, era um consumismo comedido, alguns presentes a mais e um prato cheio com direito a repetição. Está bem, ela reconhecia que uns dois ou três copos de vinho, mas nada além.

A Alma passou-lhe uma descompostura, lembrando-lhe que ela estava ao seu serviço, e qualquer deslize iria repercutir na sua próxima existência. A Personalidade não se fez de rogada e acusou a Alma de explorar o seu trabalho e não lhe dar o direito de lazer ou férias.

A Alma ainda teve de ouvir acusações de que todas as conquistas futuras seriam frutos da dedicação da Personalidade à Missão. E que ela, a Alma, passava-lhe suas experiências, é verdade, mas quem tinha de executar as tarefas e correr riscos de fracassos, era ela, a pobre e sacrificada Personalidade.

Eu já estava quase interferindo, quando ouvi uma voz mansa e suave, vindo lá do fundo da mente, dizendo: “Está bem, minha esforçada Personalidade, para manter a nossa harmonia, eu e tu celebraremos juntas este Natal. Mas, eu ficarei de olho nos teus excessos. Cada garfada e cada copo de vinho a mais poderá significar um crédito a menos na minha evolução. Cada ambição por um presente mais caro e um desprezo por outro mais simples pode provocar retrocessos e karma”.

A Personalidade agradeceu e deu um abraço virtual na Alma. Ambas celebraram a harmonização dos opostos e a certeza de que não provocariam doenças no corpo físico. E daquele Natal em diante, nunca mais o fato se repetiu. Assim deveriam agir todas as Almas e Personalidades, abraçando-se umas às outras, e todas com todas.

A minha Alma se junta à minha Personalidade para abraçar os meus amigos e inimigos. Sim, eles existem, sempre existem, por mais que tentemos evitar que aconteça. Desejo um Natal muito feliz e pacífico para meus conhecidos e desconhecidos. E, por fim, desejo uma bela e solidária festa de confraternização para a minha e para as vossas famílias.

Sempre existirão Almas e Personalidades em conflito, cada qual ocupada com os seus interesses pessoais, mas todas deverão buscar uma integração de ideais, até porque elas não podem divergir, já que uma não existe sem a outra. Aliás, meus amigos, isto não é nenhuma novidade, ou não deveria ser.

Assim como as Almas e Personalidades dependem uma da outra, uma não existe, se a outra não existir, nós humanos também não podemos viver uns sem os outros. Nós precisamos uns dos outros.

É uma pena que muitos só parem para refletir sobre isto a cada Natal!

Vamos fazer de cada dia de 2012, uma celebração natalina? Vamos desejar de coração a todos um feliz ano novo? Assim, estaremos unidos o ano inteiro, celebrando a vida, renascendo a cada dia e proporcionando à nossa Personalidade o gostinho da eternidade.

Felicidades a todos os meus irmãos em humanidade.

FELIZ NATAL E UM 2012 COM MUITA PAZ E AMOR.

sábado, 17 de dezembro de 2011

A OVELHA E O PEREGRINO

Meus fiéis leitores, eu venho refletindo bastante sobre o momento espiritual por que passa a humanidade. Muitos acreditam que estamos vivendo uma grande expansão da fé, por causa do crescimento das igrejas evangélicas. Outros pensam ao contrário, sob a alegação de que a violência continua crescendo e os abusos e assédios sexuais se multiplicam, envolvendo, inclusive, representantes das diversas igrejas mundiais.

Confesso-vos que, na minha cadeira de observador, lidando com um público espiritualizado acima da média, não compartilho de nenhuma das duas opiniões. Eu sou forçado a reconhecer que vivemos uma imensa movimentação religiosa, mas que não me parece resultar num aumento de religiosos, mas numa redistribuição de fiéis pelas várias religiões.

Os movimentos religiosos se sucedem, procurando atrair novos fiéis para os seus antigos templos, ou, quem sabe, antigos fiéis para seus novos templos. As religiões utilizam de toda forma de marketing para convencer os tementes a Deus que a sua, e não a outra, é a garantia maior de se obter um lugar no céu. Elas promovem uma espécie de dança das cadeiras, atraindo para a sua igreja, o freqüentador da outra. Mas, não se ouve quase falar de ateus que se converteram a esta ou aquela religião.

Na Numerologia da Alma, as religiões são reconhecidas como uma prática devocional, da qual é o número 6 o ícone que as identificam e reconhecem numa análise numerológica. O mais interessante é que pelo mesmo número 6 chega-se a outras práticas tradicionais como o casamento, a família, a maternidade e a educação escolar. A religião estaria no mesmo patamar dessas práticas conservadoras e presas a tradições sociais.

Numa outra perspectiva e num patamar diferente, simbolizada pelo número 9, encontraríamos a espiritualidade, destituída do sectarismo religioso e sustentada pela fé num Ser Superior ou Divino, que a maioria denomina Deus. Entre uma tendência e outra, identificam-se muitas crenças em comum, mas uma tendência básica é suficiente para afastá-las uma das outras – a autoridade eclesiástica.

As igrejas precisam da autoridade que estabeleça as regras da fé e as convenções a ser seguidas, para determinar o virtuoso ou o pecador, a consagração ou a punição, as datas festivas e as celebrações ritualísticas.

A espiritualidade é um ato espontâneo de cada espiritualista, que segue uma jornada pessoal, tal qual um peregrino, em busca da iluminação. Ela não está inserida em instituições ou regulamentos, ela é um ato de fé numa presença indefinida e divina que se manifesta em tudo e em todos.

Não, meu caro leitor, o Espiritismo não deve ser confundido com esta espiritualidade de que falo. O Budismo e o Taoísmo também não. E, naturalmente, nenhuma das religiões judaico-cristãs. Todas essas manifestações de fé que, nas suas origens, tiveram um ideal de livre expressão da espiritualidade humana, um dia se tornaram religiões, e passaram a ter um comando superior. E, se possuem um chefe, não é mais o que denomino Espiritualismo.

O Espiritualismo é como um despertar da alma humana, atendendo um chamado do Alto, como se a Divindade dispensasse os intermediários e se dirigisse diretamente aos que são capazes de acolher a mensagem, sem precisar da versão ou tradução de um líder ou guia espiritual.

Os devotos alegam que a humanidade precisa do pastor para guiar o rebanho. Os pastores ensinam que, somente quem é capaz de interpretar a linguagem sagrada dos livros religiosos poderá transmitir a verdadeira palavra dos profetas. As diversas religiões brigam entre si para impor suas verdades, que, na maioria das vezes, nem são as dos seus profetas, e longe estão de traduzir o que disseram os grandes Seres que as inspiraram.

Na igreja católica, os padres lutam com todos os argumentos seculares, para sustentar hábitos e tradições que são rejeitados, por grande parte dos seus seguidores. Nos templos evangélicos, pastores esbravejam aos berros, a maioria deles mal preparados para a função, tentando convencer pela altura da voz e não pela lucidez dos seus argumentos.

Nas religiões orientais, a situação não diverge muito das religiões judaico-cristãs, por insistirem em práticas que estabelecem verdades de cima para baixo, ou melhor, de fora para dentro. Os religiosos ainda não despertaram para o fato de que o diálogo Criador-criatura não mais exige tradução, e que os tradutores estão dispensados.

A leitura dos textos sagrados sugere que, um dia, isso viria a acontecer, e que Deus falaria à humanidade de um modo natural, sem véu e sem mistérios. Mas, as autoridades religiosas nunca aceitarão reconhecer que esse dia já chegou, e teimam em manter o poder e o controle sobre a sua comunidade de fiéis.

Todos, meus nobres leitores, todos os líderes religiosos resistem em entregar o poder sacerdotal aos seus fiéis liderados, considerando-os incapazes de falar com Deus. O mesmo argumento é utilizado pelos ditadores, quando não permitem o voto direto do povo, sob a alegação de que o povo não sabe escolher.

O povo não poderá jamais saber, se não praticar. Seja o ato de votar, de rezar, de governar. Se eu nunca ouvi a música suave e melodiosa, não poderei preferi-la a esses sons desconexos e patéticos. Se tu ainda não leste um escritor clássico, irás preferir ler o pasquim ou essas revistas semanais pretensamente sérias. Se não treinares os teus ouvidos espirituais para ouvir a palavra divina, não entenderás nada, e terás de recorrer a um intérprete que entendendo tanto quanto tu, e presumindo uma sabedoria que não tem criará uma interpretação bisonha e viciada em crendices descabidas.

O Espiritualismo está se irradiando por todo o mundo e despertando a verdadeira religiosidade na humanidade. O movimento é lento, porém inexorável, não pode ser interrompido, nem acelerado. A voz divina soa nos ouvidos espirituais dos seres despertos, que não buscam fora de si verdades que estão presentes no fundo de suas almas, onde sempre estiveram desde o início dos tempos.

Meditação, reflexão, estudo, leitura, atenção, silêncio e outras atitudes simples e espontâneas abrem os portais dos templos para a Iniciação. Aquele que prefere continuar recorrendo ao intérprete ou tradutor deverá seguir o que a sua consciência mandar. Mas, os que já não aceitam mais a coleira no pescoço devem confiar no seu Deus Interior ou seu Cristo Interno e sair em peregrinação a buscar a Iluminação, liberando os pastores para os rebanhos que permanecem nas pastagens.

Os Grandes Mestres não criaram religiões, foram seus seguidores que instituíram as igrejas. As doutrinas dos Mestres foram perfeitas, as versões dos seus seguidores tão imperfeitas como os seres que as redigiram, traduziram e as modificaram ao seu bel prazer ou interesse.

Eu te entendo, estás habituado às rotinas da tua fé, e tens medo de não seres capaz de lidar com a liberdade de falar com Deus. Mas, eu antevejo alguns que silenciosos se puseram a imaginar uma nova conduta, que responda melhor às suas dúvidas e incertezas.

Agora, meu atento leitor, tu podes escolher, ou a coleira na pastagem ou a estrada livre do peregrino.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

COMO TER UM CONSUMO SUSTENTÁVEL






Teia Ambiental - em defesa da saúde do planeta!

Meus ecológicos leitores, a realidade é que o termoo sustentável entrou decididamente na vida dos cidadãos da Terra. Temos de nos acostumar com o fato de que todos desenvolvimento terá de ser sustentável, cada ação pessoal precisa ser ecologicamente correta e, agora, afirmam os especialistas que o consumo terá de entrar nessa condição de sustentabilidade.

Consumir de forma sustentável parece uma atitude estranha para quem está acostumado a encarar o consumo como algo que depende do poder financeiro de cada consumidor.

Os estudiosos ambientais dizem que é preciso mudar hábitos e, se não bastassem essas mudanças, sempre difíceis de ser assumidas, é necessário também cobrar ações das empresas e do governo.

A palavra para o terceiro milênio parece ter sido definida de uma vez por todas como PARTICIPAÇÃO. Não basta fazer a sua parte como manda a lei, é preciso mais, é indispensável participar.

E nessa guerra contra o excesso de consumo e pela preservação da qualidade de vida, quem entrou na luta foi o IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Lisa Gunn, coordenadora executiva do IDEC, afirma que, desde a RIO-92, ficou claro que os nossos principais problemas sócio-ambientais são decorrentes dos atuais padrões de consumo.

Segundo ela, para que haja sustentabilidade no planeta é preciso mudar os hábitos, mas mudar muito. Ela é categórica ao afirmar que todos precisam ser responsáveis e fazer a sua parte – consumidor, empresas e governo.

‘Os atuais padrões de consumo são insustentáveis’, afirma Lisa.

Meu leitor consumista, de nada adianta reclamar e dizer que é livre para comprar e gastar. Não há liberdade que sustente a tua ânsia de consumo, quando a vítima é a natureza e, conseqüentemente todos nós.

Nem me venhas com a choradeira de que já separa o lixo, porque é muito pouco. É preciso cobrar do governante a coleta seletiva e a destinação correta dos resíduos sólidos, recicláveis ou não.

Quantos carros tu tens na tua garagem, meu nobre leitor? Sabias que se todo mundo tiver um só carro, as cidades ficarão intransitáveis?

Por outro lado, o governante terá de oferecer um sistema de transporte de massa eficiente para que o cidadão possa abrir mão do carro. Enquanto isso não acontece, o ideal é que se pesquise e se escolha um carro que seja mais econômico e tenha menos emissão de poluentes.

Na opinião de Lisa, mesmo que a Política Nacional de Resíduos Sólidos ainda não esteja regulamentada, os consumidores devem cobrar das indústrias uma maior rapidez na adoção dessas políticas ambientalistas.

O que tu não podes mesmo é cruzar os braços e esperar que o governante sozinho faça a parte dele. Se cada governado não assumir a sua parte e não cobrar das autoridades, a situação ficará cada vez pior.

Já paraste para questionar para onde vai o teu lixo? O que é feito dos detritos que são recolhidos diariamente na tua cidade? Já procuraste saber quantas toneladas de material jogado fora vai para o lixão? Sabes onde fica esse lixão e se o local é protegido para que não vaze o chorume para os rios ou para os aqüiferos no subsolo?

Não é que sejas obrigado a saber dessas coisas, mas seria muito bom que soubesses, pois teus filhos podem estar correndo riscos de contaminações e doenças. Isto não é um problema do governo, mas de cada família.

E na hora que fores ao supermercado, não te deixes tentar pelas ofertas que acabarão estragando e indo para o lixo. E se passares naquelas lojinhas de um real ou um e noventa e nove, por favor, não compres aquelas quinquilharias só porque são baratinhas. Elas serão o lixo de amanhã.

O planeta já não suporta tanto lixo, é lixo demais para compartilhar espaço com os pobres habitantes da Terra, expostos a esses despejos de detritos na terra, na água e no ar. Estamos sendo sufocados pelo lixo. Poupai-nos perdulários que compram o que não precisam e que transformam em lixo as compras da véspera!

Coloca na tua agenda, meu consciente leitor – procurar o prefeito da tua cidade ou o secretário de desenvolvimento urbano para cobrar informações sobre o destino do lixo. Reúna um grupo de amigos, marque uma reunião sobre o assunto, e tomem posições e atitudes.

O lema é pensar global e agir local. Vamos começar? O planeta agradece.