sábado, 7 de julho de 2012

TEIA AMBIENTAL - VINTE ANOS DEPOIS

Meus queridos leitores ambientalistas:

Vinte anos se passaram desde a realização da RIO 92, quando as nações do mundo inteiro se reuniram na cidade do Rio de Janeiro, para estabelecer metas que pudessem controlar os danos ambientais que o progresso desenfreado vinha acarretando ao planeta.

A humanidade festejou a iniciativa, os governantes fizeram do evento o seu palanque eleitoral, discursando e exaltando, cada qual, o seu país. A televisão enviou imagens para todos os continentes, e com as imagens, mensagens de esperança.

Os desconfiados ambientalistas não se entusiasmaram com as resoluções e menos ainda com os compromissos firmados por muitos, prometidos por alguns e negados por poucos, dentre os quais o maior poluidor de todos – os Estados Unidos.

Agora, vinte anos depois, uma nova reunião na mesma cidade, com os mesmos temas em debate, e batizada de RIO+20. Feitas as contas dos avanços obtidos nesses últimos vinte anos, chega-se à triste conclusão – pouco, muito pouco se fez para preservar o futuro da humanidade.

Discutiu-se até mesmo que o planeta não está ameaçado, pois o processo de aquecimento global nem existe e o degelo dos polos sempre existiu, e deve ser considerado um fato corriqueiro na história do planeta. Desviou-se o foco do discurso para uma realidade que a ciência já não desconhece, o planeta sabe se defender. Mas, e a humanidade! O que será dela, quando os recursos naturais se esgotarem, e todas as águas de superfície e de subsolo se poluírem?

Disseram que, as florestas não têm a importância a elas atribuída, pois, são os oceanos que fornecem o oxigênio de que necessitamos para viver. Houve quem afirmasse que a Floresta Amazônica não é importante. Cientistas e pseudocientistas opinaram antes, durante e depois do evento. Cada qual mais exibido e defendendo interesses econômicos, com os quais estavam comprometidos.

A realidade que ficou subentendida é que o dinheiro imediato é mais importante que a saúde futura. A vida de uma geração, a que está mandando no mundo, vale mais do que as gerações futuras de seus filhos e netos. A crise econômica europeia justificou quase todas as negações de se tomar atitudes mais sérias, pois, estas iriam desacelerar, ainda mais, o fraco desempenho da economia mundial.


Meu sábio leitor pense bem, e acompanhe o meu raciocínio – se com a exploração abusiva dos recursos naturais, o homem não conseguiu resolver, até hoje, a sua ganância por dinheiro, o que será dos recursos que ainda nos restam, diante dessa dita necessidade de explorar ainda mais?


A conclusão a que se chega é que, ou os homens são ignorantes, e não enxergam a realidade, o que eu não acredito, ou são inconsequentes e irresponsáveis, preferindo mais 50 anos de luxo e ostentação, em troca do resto da vida de carências, epidemias e guerras.

A humanidade caminha para um beco sem saída, em que a volta será muito cara e sofrida. Não se deve discutir o perigo da ação do homem para o futuro do planeta, pois isso seria desviar o foco da discussão. O que é preciso enfocar é o efeito das ações abusivas e destrutivas que vêm sendo cometidas contra qualidade de vida na Terra.

A Terra sabe com se defender muito bem, mas a humanidade não. O planeta pode acabar com as ameaças à sua integridade, exterminando a vida na Terra. E isto quer dizer o mesmo que acabando com a humanidade. Estamos diante de uma guerra, não do homem contra o planeta, mas do homem contra o homem.

Nesta guerra, não haverá vencedores e nem vencidos. Todos perderão a batalha final, e não existirão culpados para serem levados aos tribunais de guerra, pois não haverá quem acusar, nem quem julgar.

E ainda existem tolos que cobram dos seus governantes mais indústrias poluidoras, mais barris de petróleo, extraídos do fundo do mar, e mais derrubadas de florestas para a criação de gado e para agroindústrias. E quantos se preocupam de exigir ações preservacionistas? Quantos são capazes de abrir mão do luxo para uma vida simples e saudável?

O resultado dessa atitude de cumplicidade entre governantes e governados deu no que deu, levando ao mais absoluto fracasso a RIO+20. Alguns tentam contemporizar, procurando encontrar méritos, no meio de decisões egoístas que privilegiam os países ricos e os interesses dos poderosos industriais e banqueiros.


Assistimos mais um capítulo da historinha do faz de conta. Os governantes fazem de conta que estão preocupados com o povo, e o povo faz de conta que acredita. Um doce na boquinha da criança, e cessa o choro. Uma declaração conjunta de novos compromissos para adoçar a boca da humanidade. E quem irá adoçar a boca do planeta?

Estamos numa encruzilhada, meu atento leitor, da qual não sabemos o caminho a tomar. Como desfazer o nó que ata as nossas vidas ao progresso consumista e destruidor dos recursos do planeta? Como preservar a vida, se tudo que representa esse progresso contribui para a sua destruição? Como convencer a humanidade que seu país não é governado por aquele que foi eleito por seu povo, mas por um grupo poderosos que se reúne num país qualquer, e não somente um, mas vários, e de lá dá as ordens para os quatro cantos do mundo?

Se continuarmos a tentar resolver os problemas do mundo com acordos e resoluções, pobres de nós! Se esperarmos que a poluição ambiental respeite esses documentos que não nos levam a lugar algum, nós estamos perdidos! Então, o que faremos meu amigo leitor, o que fazer?



Confesso-te que eu sei o que fazer, e estou fazendo a minha parte. Os outros são os outros, e sobre suas mentes e palavras, eu não exerço poder. Se eu, sozinho, resolverei o problema do mundo, a resposta é não. Que eu sirva de exemplo para alguns, e que estes despertem a consciência dos demais. Esta é a minha esperança. Este é o objetivo, meu e de Flora, quando criamos a Teia Ambiental.