terça-feira, 28 de agosto de 2012

MAGIA EXISTE?


Meus queridos leitores:

Volto a falar de um tema que mexe com todos, em especial com minhas assíduas leitoras, que, mais do que os homens, estão sempre muito ligadas nos mundos ocultos. Magia não é bruxaria ou feitiçaria, no seu sentido mais pejorativo. Magia é essencialmente divina, e de humano tem muito pouco.

O erro dos magos é se julgar o dono do poder, quando eles são meros veículos do poder divino. Na maioria das vezes, ao atingir a força da magia, homem ou mulher se julga o centro do poder, confundindo-se com a própria Divindade, origem de todas as manifestações de magia que ocorrem no mundo físico.

A verdadeira magia tem suas origens nos planos celestiais, enquanto que, a magia manifestada em suas formas menos evoluídas, envolvendo sacrifícios e oferendas, ou influindo na vida alheia, a chamada magia negra, aprisiona, ao invés de libertar.

A magia que envolve fenômenos físicos é um pequeno reflexo da verdadeira magia divina, e quase sempre é mal empregada, voltada para a satisfação dos egos personalistas, conspirando contra os princípios sagrados, corrompendo corpos e almas.

A magia divina atua nas mais sutis vibrações do mundo espiritual, harmonizando o sagrado e o profano, o real e o imaginário, e integrando o visível ao oculto. A primeira destrói, porque fascina e corrompe, por atuar no ego inferior. A outra revitaliza e consagra, por expandir o padrão vibratório, levando a criatura humana a atingir planos superiores, morada do ego divino.

Quando cultua a magia fenomênica, a criatura humana se ilude e desvirtua o verdadeiro poder da magia. O sinal mais visível é revelado por seus atos individualistas, por causas pessoais, levando a atos egoístas, quase sempre relacionados à avidez por fama, riqueza e poder. Assim, costuma principiar um processo de autodestruição em seus campos de energia, instigando antigos karmas e atraindo para si vibrações maléficas que interferem no seu processo de evolução.

O mau entendimento do que seja e para o que serve a magia tem sido responsável pela queda de muitos seres, que adquiriram poder através de inúmeras vidas, e que põem tudo a perder, exatamente no momento que antecede o surgimento da Luz.

Antes, eles só avistavam sombras, e, de repente, surge a Luz, que os deixa cegos, quando deveria fazê-los enxergar o oculto. Eles protegem a vista, por não serem capazes de encarar a Luz divina de frente. Com isso, se denunciam os falsos magos, aqueles que já foram chamados de falsos profetas, e que agora são apenas devassos e impuros, usando o poder da magia em seu próprio benefício.

A maioria dos que se anunciam porta-voz da Divindade, se perde em seu discurso de revelador dos mistérios, pois, quase todos estão mais próximos das trevas do que da Luz. O ego se infla, e mais um mago negro surge para atrair e seduzir os tolos e ambiciosos, que com ele se cumpliciam, e se tornam tão culpados, quanto são ingênuos e inocentes.

O verdadeiro mago é manso, confiante e sereno, lançando suas vistas para adiante, e projetando tudo na mente, como se enxergasse aquém e além do que existe à sua volta. Nada poderá surpreendê-lo, pois, ainda que inconscientemente, ele tudo vê sem o uso dos olhos físicos.

O verdadeiro mago não se deslumbra com os fenômenos da magia no plano físico, por reconhecê-los como meros efeitos de sua vontade e orações. Ele sabe que o êxtase é o resultado natural do encontro do discípulo com o Mestre. E, para celebrar o encontro, ele sempre terá de refazer a ponte que liga o mundo visível ao invisível.

Se o poder divino não for acessado de modo correto, a ponte não será refeita, e em seu lugar surgirá um poço profundo, que aprisiona e afasta o mago do poder. Sem o amor nada será conseguido. Sem servir, melhor seria desistir. A insistência provocaria explosões de vaidade e delírios de falso poder, com práticas viciosas que fariam surgir fantasmas na mente, para assombrar suas noites de vigília.

O mago que não segue a essência divina da magia, e desvirtua os retos rumos dos seus seguidores, só pode esperar condenações e karmas. Ninguém engana a Divindade, ninguém engana a si próprio. A Divindade habita cada um de nós, e tudo sabe de nós.

A magia não admite exibicionismo, pois o poder divino não é uma brincadeira. A magia não pode ser usada em proveito próprio, pois ela existe como forma de manifestação do poder divino entre as criaturas humanas. O silêncio e a serena comunhão do corpo com a alma, em perfeita sintonia com o Espírito, fortalecem e autenticam a verdadeira magia.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

TEIA AMBIENTAL - NÓS, QUEM CARA-PÁLIDA?


Meus caros leitores:
Neste mês, decido homenagear os civilizados selvagens, que ensinam as sociedades como lidar com os recursos naturais, sem destruí-los.
Os chamados "homens-brancos", como os índigenas norte-americanos tratavam os invasores de suas terras, se arvoravam no direito de invadir as terras ocupadas pelos índigenas, e ocupá-las sem qualquer cerimônia ou escrúpulos. Para eles, os índigenas não eram gente, tamanho o descaso que demonstravam pela vida das tribos que ocupavam o território, desde muito antes de sua chegada.
Vou reproduzir nesta Teia Ambiental, uma famosa carta que o cacique Seattle enviou ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Pearce, em 1855, como resposta a uma proposta para a compra das terras indígenas.
Esta carta já foi divulgada em diversos meios de comunicação, mas, se o faço novamente, e se insisto em relembrá-la, é para que o pretensioso "homem-branco" pare para refletir, e aprenda com os nossos irmãos indígenas quem está com razão. Assim, se um dia uma grande catástrofe vier a atingir a humanidade, por conta das ações predatórias das civilizações modernas, e alguém lamentar os erros do passado, praticados por todos nós, não estranhe se, do meio da multidão aterrorizada, ouvir-se uma voz dos lábios de um selvagem de cara-pintada - "nós, quem cara-pálida?"


“O grande chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa da nossa amizade. Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode confiar no que o chefe Seattle diz, com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano.

Minhas palavras são como as estrelas, elas não empalidecem nunca.

Como podes comprar ou vender o céu e o calor da terra ? Tal idéia é-nos muito estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los ?

Cada torrão desta terra é sagrado para o meu povo. Cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados, nas tradições e na consciência do meu povo.

A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do índio. O homem branco esquece a sua terra natal, e depois de morto sai a vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do índio.

Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs. O cervo, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos. As cristas rochosas, o verde das campinas e o calor que emana do corpo do mustangue, e o homem, todos pertencem à mesma família. Portanto, quando o grande chefe de Washington manda dizer que deseja comprar a nossa terra, ele exige muito de nós.

O grande chefe manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos os seus filhos. Portanto, vamos considerar a tua oferta de comprar a nossa terra, mas não vai ser fácil não, porque esta terra é para nós muito sagrada.

Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim, o sangue de nossos ancestrais.

Se te vendermos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada. E terás que ensinar a teus filhos que é sagrada, e que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida do meu povo. O murmurejar da água é a voz do pai do meu pai. Os rios são nossos irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam nossas canoas e alimentam os nossos filhos. Se te vendermos a nossa terra, terás de te lembrar e ensinar aos teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele, um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã mas, sim, sua inimiga. E, depois de a conquistar, ele vai embora. Deixa para trás os túmulos dos seus antepassados e não se importa, arrebata a terra das mãos dos seus filhos e também não se importa. Ficam esquecidos, a sepultura do seu pai e o direito dos seus filhos à herança.

Ele trata, sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas, como ovelhas ou miçangas cintilantes. Sua voracidade arruinará a terra um dia, deixando para trás apenas um grande deserto. Não sei, nosso modo difere dos teus. A vista das tuas cidades causa tormento aos olhos do índio. Mas talvez isto seja assim, por ser o índio um selvagem que nada entende.

Não há sequer um lugar calmo na cidade do homem branco. Não há um lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das asas de um inseto. Mas, talvez assim seja, por ser eu um selvagem que nada compreende. O barulho parece apenas insultar os nossos ouvidos. E que vida é aquela se o homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo. Sou um índio e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a superfície de uma lagoa e o cheiro do próprio vento purificado por uma chuva do meio-dia, ou recendendo a pinheiros.

O ar é precioso para o índio porque todas as criaturas respiram em comum – os animais, as árvores, o homem. O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensível ao ar fétido. Mas, se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O ar que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida também recebe o nosso último suspiro. E, se te vendermos nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado com a fragrância das flores campestres. Assim, pois, vamos considerar tua oferta para comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco, que os abatia a tiros disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo-de-ferro pode ser mais importante que o bisão, que nós, os índios, matamos apenas para o sustento de nossos filhos. O que é o homem sem os animais! Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito, um dia. Porque, tudo quanto acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si.

Deves ensinar a teus filhos que, o chão debaixo dos teus pés são as cinzas de nossos antepassados. Para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos – que a terra é nossa mãe, que tudo quanto fere a terra fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.

De uma coisa sabemos, a terra não pertence ao homem, é o homem que pertence à terra. Disto temos certeza.

Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida, ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.

Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sobre o peso da vergonha e, depois da derrota, passam o tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias, eles não são muitos, mais algumas horas, mesmo uns invernos. E nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar sobre os túmulos. Um povo que foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso !

Nem o homem branco, que tem um Deus que com ele passeia e conversa, como de amigo para amigo, pode ser isento do grande destino comum. Poderíamos ser irmãos apesar de tudo, vamos ver ! De uma coisa sabemos, que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir : o nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que O podes possuir, do mesmo jeito como desejas possuir nossa terra, mas não podes. Ele é o Deus da humanidade inteira, e é igual sua piedade para com o índio e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar dano à terra é acumular de desprezo seu criador.

Os brancos também vão acabar um dia, talvez mais cedo do que todas as outras raças.

Continua poluindo a tua cama e hás de morrer, uma noite, sufocado em teus próprios dejetos.

Este destino é para nós um mistério, pois não podemos imaginar, como será quando todos os bisões forem massacrados e os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas empanadas por fios que falam. Onde ficará o emaranhado da mata ? Tudo terá acabado. Onde estará a águia ? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça. É o fim da vida e o começo da luta pela sobrevivência.

Compreenderíamos, talvez, se conhecêssemos com o que sonha o homem branco, se soubéssemos quais as esperanças que transmite aos seus filhos nas longas noites de inverno, quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar desejos para o dia de amanhã.

Somos porém selvagens. Os sonhos do homem branco são para nós ocultos e, por serem ocultos, temos de escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos será para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que o último índio tiver partido e sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará vivendo nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe.

Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos, protege-a como nós a protegíamos. Nunca te esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse. E, com toda a tua força e teu poder, e todo o teu coração, conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos.

De uma coisa sabemos, o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é por Ele amada, e nem mesmo o homem branco pode evitar este nosso grande destino comum”