Meus leitores:
Cá estou eu, em mais uma semana, mergulhado em questionamentos que foram alimentados no nosso último Seminário de Numerologia da Alma, e que estou trazendo para todos que se interessem pelo assunto.
Às
vezes, eu me envergonho de ter nascido humano, talvez, melhor tivesse
sido a permanência num outro plano, que me poupasse o
constrangimento de ter de chamar meus semelhantes à realidade.
Muitos seguem religiões e muitos outros exaltam seu caráter,
mesmo sem se dizer religiosos. E o que vemos no noticiário e nas
redes sociais? Escândalos e corrupção, ódio e violência, egoísmo
e vingança.
Os
pobres são desprezados e comparados a bandidos. Os negros são
discriminados e considerados inferiores. As mulheres não são
tratadas com o devido respeito, e são valorizadas por atributos que
não as fazem melhores e nem piores. Quem pensa diferente é
perseguido e atacado. Se o adversário se sai vencedor, se torna um
inimigo e passa a ser odiado. E a caridade?
A
maioria dos cristãos não conhece o Cristo, talvez já tenha lido na
Bíblia sobre seus feitos e sacrifícios, mas não aderiram à sua
doutrina. Cruéis como eram os escribas e fariseus, no tempo do
Cristo na Terra, esses cristãos praticam uma forma de crença, em
que estão incluídas as perseguições e agressões aos que não
pensam como eles.
As
redes sociais despejam agressividade e ódio em nossos lares,
provocando uma atmosfera quase irrespirável para quem acredita no
amor e na caridade. Muitos desprezam a caridade, comparando-a a um
condenável paternalismo, e se recusam a ajudar os mais pobres e
ignorantes, tratando-os como vagabundos e malandros. Misericórdia e
caridade passam distante dos lares desses que tendo muito sentem
desprezo pelos que pouco têm. E se julgam merecedores de suas
conquistas, esquecendo que são apenas herdeiros de uma sociedade que
ainda mantém o padrão da escravatura.
Se
lessem com mais atenção e respeito, os ensinamentos de Paulo, em
suas cartas aos povos que desejavam conhecer a nova doutrina,
perceberiam o valor da caridade. Na primeira carta aos Coríntios,
Paulo declara: “Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos,
se não tiver caridade sou como um bronze que soa... E ainda que eu
tivesse o dom da profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a
ciência, e tivesse toda a fé, até o ponto de transportar montes,
se não tivesse caridade, não seria nada”.
Será
que eu preciso extrair mais ensinamentos sobre a caridade do que
destas palavras do propagador da doutrina cristã? Paulo não
catequizou povos com a intenção de fazê-los seguir uma religião,
mas de lhes passar os ensinamentos do Cristo, que encarnou em Jesus
para preparar a humanidade para conviver com toda essa grosseria e
violência do mundo moderno. Com a antecedência de dois milênios,
Cristo antecipou o que a humanidade teria de enfrentar nos dias de
hoje. E, a maioria não entendeu nada do que o Mestre revelou.
Prossigo,
mencionando Paulo: “A caridade nunca há de acabar, mas as
profecias passarão, as línguas cessarão e a ciência será
abolida. A caridade não é invejosa, não é temerária; não se
ensoberbece, não é ambiciosa; não busca os seus próprios
interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a
injustiça, mas folga com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo
espera, tudo sofre”.
De
que caridade falava Paulo, meus religiosos e devotos cristãos
modernos? As igrejas estão cheias aos domingos, cantando com os
padres e exaltando as sábias palavras do Papa. Palavras, apenas
palavras, meras palavras, enfeitando melodias e homilias, sem atingir
o coração dos fiéis. Os templos recebem a voz forte do pastor que
clama por justiça e exalta o amor, mas e a caridade? Onde ficaram os
ensinamentos do Cristo, que se misturava com os pobres, doentes e
pecadores, pois eram eles que precisavam de amor e caridade?
Infelizmente, O dinheiro é que alimenta boa parte da fé, nos tempos
de hoje.
O
ódio tomou contou dos perdedores. A vingança passou a ser a reação
de justiça dos fracassados. Caridade é uma palavra, senão
desconhecida, rigorosamente desprezada. Ajudar o próximo tornou-se
um ato repugnante para os que clamam por vingança, por terem sido
contrariados ou vítimas da derrota. Os corruptos são denunciados e
crucificados pelos corruptores, e estes por aqueles, como se pudesse
existir uns sem os outros.
O
ódio e a vingança são deflagrados nas redes sociais, como reações
justas e naturais, por quem se julga ultrajado com tanta violência,
desonestidade e corrupção. Atiram a primeira pedra os que sempre
pecaram. Com a habilidade e a praticidade de quem já se alimentou
das propinas, para vender ou comprar, pretensos cristãos despejam
acusações contra os “traidores da pátria”.
Os
síndicos que só compram para o condomínio, com a sua comissão
reservada; os motoristas que consideram mais vantajoso subornar do
que gastar com a atualização dos seus documentos; os forjadores de
suas declarações de renda, que querem mais, sempre mais, além do
muito que já possuem; fiscais que cobram para aprovar o que não tem
defesa; juízes que têm seu preço de acordo com a causa a ser
julgada; o consumidor que fica com o troco a mais, o funcionário que
mente para conquistar a vaga do colega no trabalho, e paremos por
aqui senão vai ter muito leitor que não vai pegar no sono.
E
a culpa é dos pobres? Será que o muito que os míseros ladrões de
rua já roubaram, chega a 1% do que os ricos se apossam, diariamente,
do dinheiro dos incautos e ingênuos que trabalham para eles e são
cúmplices de suas tramoias? O problema não está na pobreza, mas no
caráter e na ganância dos que têm acesso ao poder.
A
maioria dos que condenam a corrupção, está projetando o seu imenso
desejo de ser um corruptor. Se a corrupção acabar, a grande maioria
se sentirá frustrada ou se julgará prejudicada, pois muitos dos
seus ganhos serão encerrados, e suas vagas de trabalho fechadas. Ou,
simplesmente, eles não terão oportunidade de também garantir a sua
parte no bolo. Triste, muito triste, o ponto a que chegou a
humanidade!
Todos
os Grandes Mestres ensinaram a bondade, o perdão e a caridade como
sinônimo de amor. Os homens se dividiram em religiões, cada qual
querendo conquistar mais fiéis. Os Mestres nunca criaram religiões,
os homens, porém, com o seu senso de egoísmo e separatividade
decidiram interpretar as mensagens de amor ao seu bel prazer, e
criaram dogmas que separam, em vez de unir as pessoas.
Amor
sem caridade não é amor, pode ser bondade, gentileza ou pena, mas
não é caridade. A caridade, na visão de Paulo, não julga, não
discrimina, não é maldosa e muito menos perversa. Quem se diz
religioso, por frequentar grupos de oração, catequeses ou seja lá
que nome for, deve primeiro aprender o que seja o verdadeiro ato de
amor, que sem caridade não é nada.
Que
tal pararmos de julgar e condenar, e procurar saber o que cada um
pode fazer pelos outros? Que tal falar menos e fazer mais? Que tal
rezar com um ideal maior do que só pedir para si? Que tal dar mais
do que querer receber? Que tal dividir o pouco que tem, antes de que
perca o muito que acumulou?
Todos
nos temos um destino comum, que passa pela vida e pela morte, para
voltar à vida e retornar à morte, num motocontínuo que começou
num passado remoto e não se sabe onde vai acabar. Antes que acabe,
seja numa outra dimensão, num outro planeta, no céu ou no inferno,
que tal ser mais generoso e amoroso, e essencialmente mais caridoso?
Esta
é a minha verdade, mas, muitas outras existem. Quem julga que há
sentido no que leu, tente mudar o rumo da História, e quem julga que
não tem nada a ver, me perdoe, mas esta é apenas a MINHA OPINIÃO.